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I'm a journalist, I work for a news portal, and for years I’ve been closely following how social media has shaped politics in Brazil. Not just as a professional, but also as a citizen, I’ve felt firsthand the impact of this phenomenon that has become the norm — and that, sometimes, confuses more than it clarifies.
Everything got more intense starting with the 2018 elections. I remember how it was impossible to talk to anyone — family, friends, even neighbors — without stumbling upon memes, edited videos, WhatsApp chains, and a flood of misinformation. It was as if politics had turned into a soccer match: cheering squads, shouting, rivalry, and zero interest in listening to the other side. It dragged on, got worse, and sadly became a lifestyle for many.
The truth is, social media gave a voice to those who never had space. But it also handed a megaphone to people who should really think twice before speaking.
I’ve seen politicians who could barely speak in public become digital celebrities. Livestreams, short videos, TikTok dances, catchy phrases — and even a stabbing, lol — all became part of the campaign package. And I’m not just talking about younger, tech-savvy ones: old-school politicians who used to do politics over coffee at Congress are now playing the influencer game in suits and ties on Instagram.
On the voters’ side, social media changed everything too. A lot of people who were never interested in politics started following Congress updates, checking who voted on what, sharing opinions, and demanding positions. That’s a good thing.
But I’ve also seen people get lost in all the noise, consuming only what confirms their beliefs and rejecting anything that challenges them. The infamous bubble. And bubbles are dangerous. They create the illusion of consensus and feed extremism.
In my profession, this has had a huge impact. I’ve been attacked on social media for stories I’ve written. The content, the data, the sources — none of it mattered. If the headline went against someone’s narrative, the hate would flood in: comments, insults, threats. Even on my personal profiles.
Being a woman and a journalist makes everything even more intense. Many colleagues became afraid to publish certain topics. Self-censorship turned into a survival strategy. I stopped signing some of my own pieces just to avoid being “harassed.”
At the same time, I use social media to keep up with what’s trending. I’ve found important leads through posts and complaints on Twitter — which I still refuse to call X.
The speed at which information spreads is impressive. But that’s also the danger: lies spread just as fast. And when a lie becomes a headline before it’s debunked, the damage is done. A president gets elected.
In the long run, I think we’re still learning how to navigate all this. Brazilian politics became more accessible, but also more shallow. The way people take a stand — or drift away — is increasingly tied to what they see online. Engagement has become currency. Truth is now an algorithm. And dialogue? That’s been left behind.
If I could change one thing, it would be to encourage digital literacy from an early age. Fighting fake news with “verified info” labels doesn’t help much if people don’t have the tools to critically assess what they’re reading. There’s a lack of critical thinking, of screen time with purpose. Social media isn’t going anywhere — and it shouldn’t — but the way we interact with it must evolve. Fast.
I also wish politicians could connect with the reality of people who don’t live on Instagram. Real life has no filters. People dealing with everyday hustle, riding crowded buses, caring for their dogs, paying bills late — they want more than buzzwords and epic-soundtracked reels. They want results.
I also wish Brazilian politics would take a step back from the spectacle and return to what it should be: a collective project, with more listening and less performing. Politics on social media can be a tool. But it should never be the main stage.
In the meantime, we keep trying to break bubbles, listen to both sides, and believe that there’s still room for real, responsible journalism in this chaos of digital voices. Because, at the end of the day, the algorithm may decide what we see — but we still decide what to do with it.
Sou jornalista, trabalho em um portal de notícias e há anos acompanho de perto como as redes sociais moldaram a política no Brasil. Não só como profissional, mas também como cidadã, senti na pele o impacto desse fenômeno que virou regra e que, às vezes, mais confunde do que esclarece.
Tudo ficou mais intenso a partir das eleições de 2018. Lembro de como era impossível conversar com qualquer pessoa — família, amigos ou até vizinhos — sem esbarrar em memes, vídeos editados, correntes no WhatsApp, e uma avalanche de desinformação. Era como se a política tivesse virado um jogo de futebol com torcida organizada, gritaria, rivalidade, e zero interesse em ouvir o outro lado. Isso se arrastou, se intensificou, e virou um estilo de vida para muita gente. Infelizmente.
A verdade é que as redes deram voz a quem nunca teve espaço. Mas também deram megafone para quem deveria pensar duas vezes antes de falar.
Vi políticos que antes mal conseguiam falar em público se tornarem celebridades digitais. Lives, vídeos curtos, dancinhas, frases de efeito, facada rs. Virou tudo parte da campanha. E não falo só dos mais jovens ou antenados: tem político antigo, que antes fazia política no cafezinho da Câmara, agora bancando o influencer de terno e gravata no Instagram.
Do lado dos eleitores, o uso das redes também mudou tudo. Muita gente que nunca se interessou por política passou a acompanhar o dia a dia do Congresso, saber quem votou no quê, compartilhar opinião e cobrar posicionamento. Isso é bom.
Mas também vi uma parcela se perder no meio da gritaria, consumindo só o que confirma suas ideias e rejeitando qualquer ponto de vista diferente. A famosa bolha. E bolhas são perigosas. Elas criam a ilusão de unanimidade e alimentam extremismos.
Na minha profissão, isso teve um peso enorme. Já fui atacada em redes sociais por reportagens que escrevi. Não importava o conteúdo, os dados, as fontes. Se a manchete contrariava uma narrativa, vinha enxurrada de comentários, xingamentos, ameaças. Até nos meus perfis PESSOAIS.
Ser mulher e jornalista, então, potencializa tudo. Muitos colegas passaram a ter medo de publicar certos temas. A autocensura virou um mecanismo de defesa. Deixei de assinar alguns textos meus só pra não ser 'incomodada'.
Ao mesmo tempo, uso as redes para acompanhar o que está fervendo. Já descobri pautas importantes a partir de denúncias no Twitter - que eu me recuso a chamar de X.
A rapidez com que a informação circula é impressionante. Mas aí mora o perigo: tudo se espalha rápido demais, inclusive mentiras. E quando a mentira vira manchete antes de ser desmentida, o estrago já foi feito. Presidente é eleito.
A longo prazo, acho que ainda estamos aprendendo a lidar com esse cenário. A política brasileira ficou mais acessível, mas também mais rasa. A forma como as pessoas se posicionam — ou se alienam — está cada vez mais conectada com o que veem nas redes. O engajamento virou moeda. A verdade virou uma questão de algoritmo. E o diálogo, bem, esse ficou pra trás.
Se eu pudesse mudar algo, seria o incentivo à educação digital desde cedo. Não adianta combater fake news com selinhos de “informação verificada” se o usuário não tem base para analisar o que está lendo. Falta senso crítico, falta tempo de tela com propósito. As redes não vão deixar de existir — e nem deveriam —, mas a forma como lidamos com elas precisa evoluir. Urgente.
Também gostaria que os políticos pudessem se conectar com a realidade de quem está fora do Instagram. A vida real não tem filtro. Quem vive no corre do dia a dia, pega transporte público, cuida de cachorro, paga boleto atrasado, quer mais do que frases de efeito e reels com trilha épica. Quer resultado.
Eu também queria que a política brasileira saísse um pouco do espetáculo e voltasse a ser o que deveria: um projeto coletivo, com mais escuta e menos performance. A política nas redes pode ser ferramenta. Mas nunca deveria ser o palco principal.
Enquanto isso, a gente segue tentando furar bolhas, ouvindo os dois lados, e acreditando que ainda há espaço para informação séria nesse caos de vozes digitais. Porque, no fim das contas, o algoritmo pode até decidir o que a gente vê. Mas quem decide o que fazer com isso — ainda — somos nós.
Obrigado por promover a comunidade Hive-BR em suas postagens.
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Real life is very different from social media, but yes social media gave the power to speech those who can't speak in public but here in our country no one speak against politicians on social media too
True! Social media gives people a voice, but fear and lack of safety still silence many, unfortunately.
Thanks, darling!
Acho que esse tema foi na mosca para voce! Legal ver sua experiencia com o tema no lado do profissionalismo. Eu sempre vi a questao do povao na sua raiva contra o lado A ou B mas 'e interessante ver o como o jornalista sofre nesse turbilhao de emocoes! Ainda mais como voce disse, mulher que nesse caso pode sofrer um adicional!
Sim! A carga emocional é grande e, pra gente, ainda vem com esse “bônus” de ser mulher, né? Mas sem vitimismo kkk
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STOP
Você está no meio dessa problematica toda. Sua visão sobre o tema é diferenciada, a final de contas você é jornalista. Eu mesmo tenho meu lado politico, mas já faz um tempo que parei de ficar acompanhando noticias politicas e canais que falam mal ou bem de certos politicos. Isso torna a pessoa mais polarizada e também tem o tempo gasto e a energia consumida vendo tantas noticias ruim. Acho o que é importante ignorar um pouco tudo isso e foca mais em mim (você).
É saudável se preservar um pouco, sim. A gente que trabalha com isso acaba vendo de tudo o tempo todo, mas buscar equilíbrio é essencial.
nice presentation
Thanks!
you are welcome dear