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A história do Brasil é um verdadeiro mosaico de culturas, tradições e relatos que formam a rica tapeçaria que conhecemos hoje. Entre os fios que tecem essa trama, brilha a figura de Catarina Paraguaçu, uma princesa Tupinambá do início do séc. XVI, cuja jornada se confunde com os primórdios do Brasil em terras da Bahia.
Catarina cruzou seus caminhos com Diogo Álvares Correia, um náufrago português nomeado Caramuru pelos índios, e juntos deram forma aos alicerces da atual capital Salvador. Eles personificam a fusão única de povos e culturas que moldaram a identidade desse país. Sua história vai além do espaço e tempo, ecoando como um símbolo das múltiplas camadas que compõem a essência brasileira.
Hoje, convido vocês a conhecerem a Graça de Catarina, uma história que transcende as páginas dos livros para inspirar e iluminar os dias atuais. Vamos juntos nesta viagem!
Escultura do casal Caramuru e Paraguaçu, Plaza da República, coração do centro histórico de Viana, em frente da Museu do Traje. Portugal. 2008.
Tudo começou em 1509, quando o português Diogo Álvares naufragou próximo à Baía de Todos os Santos, na Bahia. Acolhido pelos índios Tupinambás, ele recebeu o nome Caramuru. Convivendo com os índios e já integrado aos seus costumes, Caramuru atuava no comércio de Pau-Brasil com a França. Certa vez, ele ajudou uma tribo na Ilha de Itaparica a vencer uma batalha, e ganhou assim o direito de casar-se com a filha do cacique: a índia Paraguaçu. O casamento foi realizado de acordo com as tradições indígenas, e juntos eles tiveram 10 filhos.
CATARINA, A CATÓLICA
Em 1528, Paraguaçu tornou-se a primeira brasileira a ser batizada pela Igreja Católica. Recebendo o nome de Catherine du Brésil em Saint-Malo, na França, ela teve a rainha Catarina de Médici como madrinha e casou-se com Diogo Álvares Correa na mesma igreja. Eles formavam assim o primeiro casal católico do Brasil: Catarina Paraguaçu e Diogo Caramuru.
Após retornar da Europa, Catarina abraçou a fé católica e vivenciou a primeira mariofania, a primeira manifestação Mariana no Brasil. Essa história é contada na (Ref)Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil, escrita pelo padre jesuíta Simão de Vasconcellos, e publicada em 1663.
A GRAÇA DE CATARINA
O ano é 1535. Salvador, Bahia. A princesa indígena convertida ao catolicismo, Catarina Paraguaçu, teve um sonho recorrente. Nos sonhos, ela via oito náufragos completamente molhados e uma jovem com um bebê nos braços, vestida em azul e branco e sempre seca. Catarina, ao acordar, pedia ao marido que verificasse se havia náufragos na praia, e após alguns dias, essa busca trouxe resultados inesperados.
Tratava-se de oito espanhóis que naufragaram em uma Caravela, em rota de contornar o extremo sul da América para chegar aos territórios da Espanha na costa do Pacífico. Era uma expedição exploratória, e a Nau Santa María de la Anunciación atingiu um recife de corais e afundou.
Os oito marinheiros foram resgatados e, ao vê-los, Catarina perguntou apressadamente sobre a jovem com o bebê que ela conhecia dos sonhos. A pergunta gerou muita surpresa e até risos debochados, já que, naquela época, era raro ver mulheres viajando, ainda mais com bebês.
Pouco depois, um índio se aproximou correndo, chamando por Catarina. Eles haviam encontrado uma caixa de madeira do naufrágio contendo uma grande imagem de Nossa Senhora vestida em azul e branco, com o menino Jesus nos braços, exatamente como ela havia visto. Emocionada, a índia reconheceu a jovem de seus sonhos e nomeou a imagem Nossa Senhora da Graça, em homenagem à salvação dos náufragos. Essa imagem permanece até os dias de hoje na Igreja da Graça, em Salvador, sob os cuidados do Mosteiro de São Bento.
Catarina Paraguaçu faleceu em 26 de janeiro de 1589, sendo sepultada na igreja da Graça que doara aos beneditinos do Mosteiro de São Bento em 1586. Essa é a história da primeira manifestação Mariana no Brasil, uma história genuinamente brasileira!
Referências:
Escultura do Caramuru
Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil
CATARINA PARAGUAÇU | Nossa Senhora da Graça
Paraguaçu e a Fundação da Igreja da Graça
Todas as imagens estão sob licença de domínio público, e não têm restrições de direitos autorais.
The history of Brazil is a mosaic of cultures, traditions and stories that make up the rich tapestry we know today. Among the threads that weave this fabric is the figure of Catarina Paraguaçu, a Tupinambá princess from the early 16th century, whose journey is intertwined with the beginnings of Brazil in the lands of Bahia.
Catarina crossed paths with Diogo Álvares Correia, a Portuguese castaway called Caramuru by the Indians, and together they laid the foundations of today's capital, Salvador. They embody the unique fusion of peoples and cultures that have shaped the identity of this country. Their story transcends space and time, echoing as a symbol of the multiple layers that make up the Brazilian essence.
Today I invite you to get to know Catherine's Grace, a story that transcends the pages of books to inspire and enlighten today. Let's take this journey together!
Sculpture of the couple Caramuru and Paraguaçu, Plaza da República, in the heart of the historical center of Viana, in front of the Museu do Traje.Portugal. 2008.
It all began in 1509, when the Portuguese Diogo Álvares was shipwrecked near the Baía de Todos os Santos in Bahia. He was welcomed by the Tupinambás Indians and given the name Caramuru. Living with the Indians and already integrated into their customs, Caramuru was active in the Pau-Brasil trade with France. Once, he helped a tribe on the island of Itaparica win a battle and thus won the right to marry the chief's daughter, the Indian Paraguaçu. The marriage was performed according to indigenous traditions, and together they had 10 children.
CATARINA, THE CATHOLIC
In 1528, Paraguaçu became the first Brazilian to be baptized by the Catholic Church. She received the name Catherine du Brésil in Saint-Malo, France, she had Queen Catherine de Medici as godmother and married Diogo Álvares Correa in the same church. They thus formed the first Catholic couple in Brazil: Catarina Paraguaçu e Diogo Caramuru.
After returning from Europe, Catarina embraced the Catholic faith and experienced the first mariofania, the first Marian manifestation in Brazil. This story is told in the (Ref)Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil, written by the Jesuit priest Simão de Vasconcellos, and published in 1663.
THE GRACE OF CATARINA
The year is 1535. Salvador, Bahia. The indigenous princess converted to Catholicism, Catarina Paraguaçu, had a recurring dream. In her dreams, she saw eight shipwrecked men completely wet and a young woman with a baby in her arms, dressed in blue and white and always dry. When Catarina woke up, she asked her husband to search the beach for shipwrecked people, and after a few days, this search brought unexpected results.
It was about eight Spaniards who were shipwrecked in a caravel on their way to circumnavigate the southern tip of the Americas to reach the Spanish territories on the Pacific coast. It was an exploratory expedition and the ship Santa María de la Anunciación hit a coral reef and sank.
The eight sailors were rescued and, upon seeing them, Catherine hastily asked about the young woman with the baby she knew from her dreams. The question caused much surprise and even derisive laughter, for it was rare to see women traveling at that time, much less with babies.
Shortly afterwards, an Indian came running up, calling for Catherine. They had found a wooden box from the shipwreck containing a large image of the Blessed Virgin, dressed in blue and white, holding the Child Jesus in her arms, just as she had seen. Thrilled, the Indian woman recognized the young girl from her dreams and named the image Our Lady of Grace, in honor of the salvation of the castaways. This image remains today in the Church of Graça, in Salvador, under the care of the São BentoMonastery.
Catarina Paraguaçu died on January 26, 1589, and was buried in the church of Graça, which she had donated to the Benedictines of the São Bento Monastery in 1586. This is the story of the first Marian apparition in Brazil, a genuinely Brazilian story!
References:
Escultura do Caramuru
Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil
CATARINA PARAGUAÇU | Nossa Senhora da Graça
Paraguaçu e a Fundação da Igreja da Graça
¡Hola a todos!
La historia de Brasil es un mosaico de culturas e tradiciones que forman el rico tapiz que hoy conocemos. Entre los hilos que tejen este tapiz brilla la figura de Catarina Paraguaçu, una princesa tupinambá de principios del siglo XVI, cuyo viaje se entrelaza con los inicios de Brasil en las tierras de Bahía.
Catarina se cruzó con Diogo Álvares Correia, un náufrago portugués llamado Caramuru por los indios, y juntos sentaron las bases de la actual capital de Bahia, Salvador. Encarnan la fusión única de pueblos y culturas que han moldeado la identidad de este país. Su historia va más allá del espacio y del tiempo, resonando como un símbolo de las múltiples capas que componen la esencia brasileña.
Hoy te invito a conocer la Gracia de Catalina, una historia que trasciende las páginas de los libros para inspirar e iluminar hoy. ¡Emprendamos juntos este viaje!
Escultura de la pareja Caramuru y Paraguaçu, Plaza da República, corazón del centro histórico de Viana, frente al Museu do Traje. Portugal. 2008.
Todo empezó en 1509, cuando el portugués Diogo Álvares naufragó cerca de la bahía de Todos los Santos, en Bahía. Acogido por los indios tupinambás, recibió el nombre de Caramuru. Viviendo con los indios y ya integrado en sus costumbres, Caramuru participó activamente en el comercio de Pau-Brasil con Francia. Una vez ayudó a una tribu de la isla de Itaparica a ganar una batalla, y así se ganó el derecho a casarse con la hija del jefe: la india Paraguaçu. El matrimonio se celebró según las tradiciones indígenas, y juntos tuvieron 10 hijos.
CATARINA, LA CATÓLICA
En 1528, Paraguaçu se convirtió en la primera brasileña bautizada por la Iglesia Católica. Bautizada con el nombre de Catherine du Brésil en Saint-Malo (Francia), tuvo como madrina a la reina Catalina de Médicis y se casó con Diogo Álvares Correa en la misma iglesia. Formaron así la primera pareja católica de Brasil: Catarina Paraguaçu y Diogo Caramuru.
A su regreso de Europa, Catarina abrazó la fe católica y experimentó la primera mariofanía, la primera manifestación mariana en Brasil. Esta historia se relata en la (Ref)Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil, escrita por el sacerdote jesuita Simão de Vasconcellos y publicada en 1663.
LA GRACIA DE CATARINA
El año es 1535. Salvador, Bahía. La princesa indígena convertida al catolicismo, Catarina Paraguaçu, tenía un sueño recurrente. En sus sueños, veía a ocho náufragos completamente mojados y a una joven con un bebé en brazos, vestida de azul y blanco y siempre seca. Cuando Catarina se despertó, pidió a su marido que buscara náufragos en la playa y, al cabo de unos días, la búsqueda dio resultados inesperados.
Se trata de ocho españoles que naufragaron en una carabela, en ruta para rodear el extremo sur de América y alcanzar los territorios españoles en la costa del Pacífico. Se trataba de una expedición de exploración, y el navío Santa María de la Anunciación chocó contra un arrecife de coral y se hundió.
Los ocho marineros fueron rescatados y, al verlos, Catalina se apresuró a preguntar por la joven con el bebé que conocía de sus sueños. La pregunta generó mucha sorpresa e incluso risas desenfrenadas, ya que en aquella época era raro ver a mujeres viajando, y más aún con bebés.
Poco después, un indio llegó corriendo, llamando a Catalina. Habían encontrado una caja de madera del naufragio que contenía una gran imagen de Nuestra Señora vestida de azul y blanco, con el Niño Jesús en brazos, tal como ella la había visto. Emocionada, la india reconoció a la niña de sus sueños y bautizó la imagen con el nombre de Nuestra Señora de Gracia, en honor a la salvación de los náufragos. Esta imagen permanece hasta hoy en la Iglesia de Graça, en Salvador, bajo el cuidado del Monasterio de São Bento.
Catarina Paraguaçu murió el 26 de enero de 1589 y fue enterrada en la iglesia de Graça, que había donado a los benedictinos del monasterio de São Bento en 1586. Esta es la historia de la primera manifestación mariana en Brasil, ¡una historia genuinamente brasileña!
Referencias:
Escultura do Caramuru
Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil
CATARINA PARAGUAÇU | Nossa Senhora da Graça
Paraguaçu e a Fundação da Igreja da Graça
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